18 julho 2006

Resenha do Livro A Sangue Frio

Em meio as mais variadas obras de ficção surge um novo modelo de se contar uma história. Ricas em detalhes minuciosos, o livro reportagem “A Sangue Frio” de Truman Capote, conta a história do trágico assassinato dos quatros membros da família Clutter.
Baseado em fatos reais Truman Capote levou seis anos colhendo dados, fazendo reportagem e entrevista que pudesse ajudar no desenvolvimento do seu livro reportagem. O crime aconteceu na madrugada do dia 15 de novembro de 1959, na fazenda das vítimas em Holcomb, uma vila no oeste do Kansas no centro dos Estados Unidos. Ao redor da fazenda na existia vizinhança por perto, só uma pequena casa com poucos cômodos que abrigava o velho empregado da fazenda, sua esposa e um filho - que na noite do crime estava doente. A noite estava fria quando quatro disparos juntaram-se ao barulho da “histeria aguda dos coiotes, o arrastar seco de folhas sopradas com o vento e o lamento distante dos apitos da locomotiva”, nada se pode ouvir naquela noite, nem gritos, nem sussurros e nem pedidos de socorro, parecia ser um crime perfeito.
Foram quatro pessoas assassinadas de uma mesma família, Hebert William Clutter era o dono da fazenda, tinha 48 anos, forte e muito respeitado na vila. O sr Clutter como era chamado, não possuía inimigos, homem correto, digno e muito religioso, vivia para sua família. Sua esposa a sra Bonnie Fox tinha 45 anos, mal saía de casa, vivia doente cm leves problemas nervosos. Passava a maior parte do seu tempo lendo livros ou na sua janela onde apreciava o lindo jardim da sua residência. Com eles moravam os dois filhos adolescentes, Nancy Clutter e Kenyon Clutter. Nancy era uma garota meiga, inteligente e muito atenciosa, possuía cabelos lisos o qual escovava cem vezes pela manhã e cem vezes pela tarde. Sempre dotada de grandes qualidades o que mais gostava de fazer era andar a cavalo com sua melhor amiga Susan, a qual dividia o seu sonho de entrar na Universidade de artes. Kenyon Clutter seu irmão caçula não era de muita conversa, gostava de caçar faisões e coiotes.
Nem ouve tempo para despedidas cada um foi assassinado e amarrado de uma maneira diferente com as bocas amordaçadas com fitas adesivas. Os assassinos fugiram levando quarenta dólares, um rádio Zenith e um par de binóculos.
Perry Edward Smith de 36 anos e Richard Eugene Hinckcok 33anos, foram os autores do crime que abalou os Estados Unidos naquela época. Perry filho de irlandês com índia cherokee, assaltante, tocava gaita e violão, dele partiu os quatros tiros que tirara a vida da família Clutter. Já Hinckcok era filho de um casal de fazendeiros pobres, tinha sido mecânico, assaltante e assassino de um negro, e foi ele quem teve a brilhante idéia de planejar o drástico fim dessa família.
Ambos foram condenados a pena de morte no dia 14 de abril de 1965, quase seis anos depois da tragédia. Perry Smith na hora de sua sentença de morte mostrou-se arrependido e pediu desculpas. Hinckcok não se arrependeu mantendo a classe e seu olhar frio.
Ler o livro “A Sangue Frio” é como se a todo tempo estivéssemos cara-á-cara com os assassinos. Truman Capote apesar de muitas vezes exagerar nos detalhes nos leva a imaginar a cada página, o cenário onde se passou a história. Extremamente envolvente o livro consegue prender atenção do leitor em alguns momentos, em outros - devido aos detalhes – atrapalha um pouco o leitor, que se perde na leitura tendo que voltar a página anterior para dar continuidade.
Apesar da riqueza de conteúdo que compõe o livro reportagem, achei o livro um pouco cansativo mais muito interessante. A forma como Capote utilizou na coleta de dados das entrevistas foi muito curioso, segundo ele não utilizou o gravador e nem tomou nota na frente dos entrevistados e ainda assim teve um aproveitamento de noventa e cinco por cento. É difícil de acreditar numa coisa dessas já que de acordo com o livro ele entrevistou dezenas de pessoas e conseguiu lembrar de todas as entrevista, é complicado. Mais vale a pena sim, mergulhar nesse novo gênero que o autor criou, um romance literário investigativo sem ficção como afirma.